Nostalgia Burguesa.

Desde a semana passada tem feito frio aqui em Porto Alegre. Além do frio, tivemos um ciclone nos visitando, o que foi uma experiência nada agradável que deixou um rastro de destruição na cidade. Isso que nem foi um "Katrina" da vida, mas mostra que não estamos preparados para catástrofes naturais, já que acreditamos piamente que o Brasil é o país abençoado, sem nada de ruim (terremotos, vulcões, furacões, tornados, etc). AHAM, dá pra ver.

Enfim, nessas horas bate uma nostalgia. Penso como tive sorte de ter tido o privilégio de conhecer algumas das cidades mais lindas do mundo. E penso nisso porque aquelas que eu considero algumas das mais lindas do mundo estão situadas nas linhas temperadas do globo, e, consequentemente, tem um inverno bem rigoroso.

Assim, esse post de hoje pode ser enquadrado em um marcador "nostalgia de tempos burgueses da Paty, quando ela não era pobre, não tinha que vender tudo pra pagar as dívidas da mãe e quando pra comprar alguma coisa não enquadrada no conceito de primeira necessidade, não tinha que recorrer ao cartão de crédito por falta de dinheiro vivo ( o que gera novas dívidas)". Quem não quiser compartilhar desse momento nada proletário, pare de ler aqui.

Com exceção de Buenos Aires, que eu fui no inicio desse ano, a maioria dos lugares que conheci deixaram aquela sensação de "faltou alguma coisa". Na real, faltou muita coisa. Eu tinha 15 anos (meu Deus! 15!!!!!!parece ontem, faz dez anos! buaaaaa) então não pude fazer muiiita coisa que faria hoje! Imagina, não enchi a cara de vinho na Itália! Não pude beber uma cerveja inglesa em um pub e voltar cambaleando para o hotel, de preferência com um "british man". Não conheci o Museu Britânico. Em Paris, não sentei em um café daqueles típicos franceses, para tomar um café e fumar um cigarro, a moda Simone de Bouvoir e Sartre! Sequer entrei em livrarias parisienses, embora lembre ter passado por uma que era em frente ao Sena e era um mimo, em uma casa antiga, bem aquele tipo de construção que a gente imagina ter na capital do amor (dizem que é, eu não tive ou vi amor lá...). Na Itália, não entrei no Coliseu, só tirei foto do lado de fora, porque a excursão tinha tempo exíguo para cada lugar.







Quando a gente começa a pensar em tudo que podia ter feito, todos os lugares que podia ter conhecido, qualquer viagem fica incompleta...



Falando em livraria, já fui duas vezes em Buenos Aires e não visitei a Livraria Atheneo! Que raiva, não deu tempo e pior, acabei passando a tarde em um shopping ao invés de conhecer aquele templo dos livros! Talvez pro meu bolso tenha sido melhor, não sei se conseguiria controlar meu ímpeto consumista que fica atiçado em livrarias. Sem falar na manifestação das Mães da Praça de Maio, que perdemos porque, como historiadores toscos, não lembramos de ver antes de viajar que dia era a passeata. Chegamos na quinta, sem saber, fomos embora na outra quinta, já sabendo mas sem possibilidade de ir porque estávamos indo embora! Que raiva!

Enfim, que vontade de viajar. Conhecer Buenos Aires no inverno...Ver a neve caindo às margens do Tâmisa...Penso, imagino, e....putz, tá na hora de sair do transe, fechar a internet, e voltar a vida real, pegar o ônibus pra ir pra faculdade, contar as moedas pra comprar pão de manhã, esperar receber o salário na quinta e na sexta, já não ter mais nada depois de ter pago as contas, tentar ir no médico curar a porra da dor no ciático e dar de cara com o lugar fechado porque o atendimento pro SUS é só até as 18 horas, tudo isso em uma cidade que faz frio, mas que não fica charmosa com ele.

Um comentário:

Eu mesmo disse...

Só pra constar, "o ciclone nos visitando" não fui eu...