Lombroso e o Darwinismo Social Vivem!

Sabem aquela frase típica "vou morrer e não vou ver tudo"? Infelizmente é verdade.


Digo infelizmente, porque a gente só lembra dessa frase quando ouve coisas absurdas, tipo a recente noticia sobre a "obra" do "artista" crítico da humanidade e da contemporaneidade que "usou" um cachorro de rua para mostrar a hipocrisia humana, deixando-o morrer de inanição durante uma exposição, bienal, qualquer que seja a merda.


Enfim, hoje recebi dois emails de uma amiga, um com uma noticia e outro com uma postagem de um blog, seguido de vários comentários. O que os dois tem em comum? Demonstram que Lombroso e suas idéia não estão ultrapassados. A idéia disseminada, que se inseriu na consciência coletiva (se é que ela existe) é aquela segundo a qual o bandido, o marginal, é um ser diferente, doente, moralmente degenerado. E se existem pessoas "normais", deve haver uma explicação, um ponto de origem para esses "anormais" não é? Porque se eles não seguem o curso normal de um ser humano, então há algo errado com eles! Claro!!!


O médico italiano Cesare Lombroso, autor do livro L’ uomo delinqüente, de 1876 (sim, século dezenove), acreditava que o delito era um ente natural, sendo explicado por fatores biológicos e até mesmo hereditários. Para confirmar sua hipótese de que o criminoso era um ser que não segue a evolução normal da espécie humana, realizou inúmeras pesquisas com o intuito de procurar semelhanças antropométricas entre os delinqüentes. A criminologia positiva, que tem Lombroso como expoente, se assentava em três pilares: o crime é um fenômeno natural; o estudo do crime deve ser realizado através do mesmo processo de conhecimento usado para as ciências naturais e pela observação e pesquisa dos criminosos, assim identificados oficialmente, é possível desvendar as causas do crime e extirpá-los da sociedade.


Muita coisa foi feita depois disso. Correntes criminológicas de cunho sociológico foram desenvolvidas já no início do século XX, e caras como Edwin Sutherland pararam pra pensar "peraí! como é que a gente explica a existência de crimes cometidos por pessoas bem sucedidas, pessoas, teoricamente "de bem", os famosos "bons cidadãos" (aqueles atingidos pela violência, aqueles que não podem ter o direito de ter sua arma pra se defender, que sao atingidos por leis absurdas como a do desarmamento, aqueles que não são defendidos pelos direitos humanos, que é sinônimo de direito de bandido)"? Os estudos acerca dos crimes de colarinho branco desse sociólogo americano foram realizados nas décadas de 30 e 40. Muita coisa foi feita depois. E ainda sim, permanece a idéia do crime como doença, do criminoso como um degenerado, diferente do resto normal da sociedade.


Enfim, posto abaixo a noticia das descobertas maravilhosas desse brilhante médico moderno, que apesar de não estar falando sobre crime e criminosos, aposta na idéia lombrosiana e do darwinismo social de que existem "raças inferiores". Sugiro que acessem esse endereço também e dêem uma lida na postagem e nos comentários:http://fabianponzi.webnode.com/news/a-revolta-de-quem-virou-estatistica/discussioncbm_20718/30/.

Professor atribui baixa nota do Enade ao "QI dos baianos"


Fabiane Madeira

Direto de Salvador


O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antonio Natalino Manta Dantas, atribui ao "baixo QI dos baianos" a nota 2 obtida pelo curso no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD). O reitor da universidade convocou o diretor da Faculdade de Medicina para uma reunião e deverá se manifestar hoje à tarde.
"Há uma inferioridade dos alunos baianos em relação aos outros. A prova foi uma mostra disso", disse Dantas, em entrevista à rádio Band News. Para o professor, "o baiano é uma pessoa igual a qualquer outra, mas talvez tenha déficit em relação a outras populações. Não temos aquele desenvolvimento que poderíamos ter. Se comparados com os estados do Sul, vemos que a imigração japonesa, italiana e alemã foram excelentes para o país. Aqui ficamos estagnados"(GZUZ). Dantas é baiano e formando na própria UFBA na década de 60.
O professor disse ainda que o sistema de cotas para afro-descendentes pode ter contribuído para o mau desempenho. "A prova foi feita com alunos do primeiro semestre e do último semestre. Pode estar havendo uma contaminação das cotas (!!) e influência da transformação curricular nesse resultado".
Ainda na entrevista, Dantas afirmou que a tradicional percussão do Olodum é um "barulho" e que um dos símbolos da Bahia, o berimbau, é um instrumento para pessoas pouco inteligentes. "O berimbau é o tipo de instrumento para o indivíduo que tem poucos neurônios. Ele tem uma corda só e não precisa de muitas combinações musicais", disse.
Procurado pela rádio, o reitor da UFBA, Naomar de Almeida Filho, classificou as declarações de Dantas como "racistas e ignorantes". O reitor convocou o diretor da Faculdade de Medicina, José Tavares Carneiro Neto, para uma reunião de emergência na qual deverá pedir providências em relação à postura de Dantas. O reitor, que é favorável às cotas, deve se manifestar à tarde.
O curso de medicina da UFBA será supervisionado pelo MEC, junto com outras 16 instituições que obtiveram notas baixas nas avaliações federais. A faculdade de Medicina da UFBA foi a primeira instalada no País e completou 200 anos recentemente. Entre os formados pela instituição está o falecido senador Antônio Carlos Magalhães.


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