Ontem estava voltando de carona para casa com uma colega da faculdade, e ela disse algo interessante: que, apesar de ser um clichê, nós - seres humanos - só temos, de fato, o dia de hoje. A consequência dessa constatação pode ser reduzida ao famoso "carpe diem", e significa, em outras palavras, que devemos viver cada dia com a única certeza de que não sabemos o dia de amanhã.
Mas porque algo tão banal me impulsionou a escrever sobre isso? Bom, porque acho que essa constatação faz parte daquele rol de coisas óbvias na teoria e que raramente são postas em prática. Foi, aliás, isso que respondi a minha colega. Sim, é fácil admitir que amanhã poderemos ser atingidos por um carro, que podemos ter um aneurisma cerebral fulminante, que podemos ter uma dor de cabeça e descobrir um câncer, etc...Mas o problema de internalizar isso é que a consequência é que devemos fazer aquilo que queremos e desejamos, e isso implica em tomada de atitudes para as quais nem sempre estamos preparados. Vejamos: quantas coisas não deixamos de faze, embora queiramos, em razão de algo mal resolvido no passado, algum trauma, algum bloqueio? Quantas coisas não deixamos de fazer em razão de responsabilidades que são "dadas" social ou culturalmente? Eu fiquei pensando na dificuldade e na dor resultantes de se dar conta que a vida pode acabar daqui a pouco sem que tenhamos feito muito do que queriamos. Daí é mais fácil se enganar, acreditando, inconscientemente, que temos um futuro longo diante de nós, e que podemos nos dar ao luxo de fazer planos a longo e médio prazo.
Aliás, fazer planos a longo prazo é algo incentivado em termos econômicos ou até mesmo de planejamento familiar...Mas isso implica na crença de que o futuro é certo.Então como ficariam nossas vidas se só pensassemos no hoje?
Ai...sei lá. Pensar nisso é muito foda. Eu, por exemplo, trabalho com algo que não gosto por necessidade, não só por causa do dinheiro, mas porque a lógica diz que se fiz uma faculdade (privada, diga-se de passagem), investi cinco anos de estudo nisso, me formei, passei na OAB, etc, é esperado que utilize isso para meu sustento. Como simplesmente largar tudo? Dizer "bom gente, to indo embora!"...Isso seria um choque para todos...Até mesmo largar o emprego seria visto por alguns como insensatez. Então eu fico, sendo confrontada, de vez em quando, com a realidade de que se minha vida terminasse hoje eu não ia ficar feliz com o balanço entre conquistas e derrotas.
Viver para o presente, sem pensar no futuro? Ou planejar o futuro e abdicar um pouco do presente? Há como encontrar equilibrio entre ambos? Ou ao privilegiar um deles, abrimos mão, querendo ou não, do outro?
Muitas perguntas. Nenhuma resposta.
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