Chove em Porto Alegre. Ótimo maneira de iniciar a semana. Horário de almoço, a chuva fez com que optasse ficar no escritório. Sem nada para fazer, fico pensando, pensando e pensando. E passo aqui para despejar meus pensamentos idiotas.
Certas coisas são interessantes.
Penso na facilidade que a gente tem de enxergar claramente os problemas alheios. Quando não é com a gente, parece tão fácil visualizar e apontar problemas e soluções.
Quanto enxergamos uma situação externa a nós, por exemplo, quando um amigo (a) está namorando e não sai mais sem o anexo, fica muito fácil dizer "ah, fulana não faz mais nada sozinha, parece que nasceram grudados". O problema é quando nós estamos na mesma situação e acabamos por tomar as mesmas atitudes. Convenhamos: quando é com a gente, o buraco é mais embaixo, temos a capacidade incrivel de justificar a tal atitude de maneira que não possa ser igualada a da outra pessoa. Como pode existir tanta contradição, penso eu? Porque é mais fácil ver e julgar as atitudes alheias do que as nossas, dãããã né!
Tão simples e tão complexo isso. Ainda mais nesses casos de relacionamento. Só quem foi "abandonado" por um amigo que começou a namorar sabe isso é uma merda. E a gente promete "eu não vou fazer isso, nunca". E nunca é uma palavra utópica, porque não temos como saber como nossas vidas irão se desenrolar. Até podemos tentar não cair na armadilha, mas a minha experiência como observadora (experiência cômoda, eu admito) demonstra que em pequenas atitudes, as pessoas sempre privilegiam os relacionamentos amorosos em detrimento de outros. É uma regra da vida, diria eu, a qual todos estamos expostos.
Enfim, esse exemplo dado acima é só um. Eu ouço amigas e amigos contarem suas peripécias, seus conflitos, e vejo tão claramente as soluções e as origens dos mesmos. E as vezes questiono: "poxa, porque beltrano nao consegue se livrar desse sentimento, ou parar de fazer tal coisa, que o prejudica tanto?" Sim, mas eu consigo fazer isso? Eu consigo me livrar dos sentimentos incômodos que eu tenho, eu consigo tomar atitudes frente à acontecimentos da minha vida, eu consigo sempre mudar o que me incomoda? ÓBVIO que não. O máximo que faço é me dar conta disso, o que, diz a sabedoria popular, é um começo. Um começo sem fim, na maioria das vezes, que nem dieta.
Então o que nos resta, é tentar se estressar menos. As coisas são como são, cada um tem seus problemas e resolve (ou não) do jeito que quiser. Eu sempre fui a conselheira, aquela a que todos procuram pra desabafar e pedir conselhos. Talvez por isso esteja tão acostumada a formar opiniões acerca da vida alheia. E isso vai ter que parar, por mais que seja um fato incontroverso que enxerguemos mais claramente as coisas na condição de agentes externos. O máximo que podemos fazer é exteriorizar nossa opinião de "agente neutro" e a pessoa que faça o que quiser com aquilo. E quando estivermos no lado "ouvinte", utilizemos a mesma lógica.
Mas, pra mim é fato: as vezes nós somos muito hipócritas.
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