Metáforas

Hoje vou dar uma de Lula...vou fazer uso de metáforas.

A maior parte das pessoas já fez algum tipo de prova de mútlipla escolha, seja vestibular, seja concurso. Pois bem, já na primeira vez em que fazemos esse tipo de prova, aprendemos a mais básica regra: nunca troque a primeira resposta que você considerou certa. Certo? Pois então, não sei se sou apenas eu, mas passam-se os anos e eu continuo não fazendo isso!

É mais ou menos assim: tu lê a questão e depois as opções. Decide marcar c, por exemplo. Vai fazer o resto da prova. No final, quando vai passar para a grade, relê e acha "uh, acho que não é bem isso, parece ser mais aquilo". Vai lá, e marca a outra resposta. Chega o gabarito e adivinha? A resposta certa era a primeira. Aí bate a raiva e a vontade de se atirar embaixo de um carro.

Mas porque estou escrevendo sobre isso? Fora o fato de eu ter feito recentemente a prova para ingresso no Instituto Rio Branco e ter feito isso umas duas vezes (fiz outras merdas naquela maldita prova feita pela Cespe, mas isso é outro assunto) apesar de já ter feito quatro vestibulares na ufrgs e mais umas três provas de concurso, o fato é que acho que isso serve como exemplo para outras coisas na vida.

Tu ta lá, bem bela, achando que está agradando o cara e ele larga uma que mostra claramente que não tem interesse em ti, e/ou pior, que está interessada em outra. Na hora cai a ficha: puta merda! Passado o choque, tu repassa cada virgula, cada entonação, cada palavra pra tentar se convencer que talvez não tenha sido aquilo que ele quis dizer.

Cenário pior: levou um fora mesmo. Mas não dá para aceitar, então fica pensando que talvez o cara seja emocionalmente confuso, que ele quer mas não sabe que quer, e que aquilo que tu achou ser um fora não era na verdade...Mas era!

Teu chefe chega e larga uma letrinha que as pessoas andam se atrasando ou não fazendo o trabalho como deveria, ou no ritmo que deveria ser feito. Putz, que saco. Ah, mas não foi bem isso, olha só como ele falou aquilo, aquela palavra pode ter vários significados, ele tava stressado.

Balela! Era aquilo mesmo, aquela primeira coisa que tu achou que fosse. É muito dificil engolir essa constatação, porque está muito em voga a tal de interpretação. Fazemos isso ao ler textos, de qualquer área profissional, e até em livros de ficção (sem falar na poesia, que exige capacidade interpretativa). No meu caso é pior, porque passamos cinco anos na faculdade aprendendo que aquilo que está escrito na lei e parece tão claro pode ter várias interpretações, variando conforme a construção doutrinária. Um doutrinador diz a outro diz b. Aí a gente se fode - e não no bom sentido.

Pois então, estou aqui, escrevendo para tentar exteriorizar isso, na esperança de parar com esse pessimo hábito, buscando a aceitação de como as coisas são. Levou uma na cabeça? Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima, como dizia o famoso samba. É foda? Sim, é foda, mas é a vida.

Se for os dois primeiros exemplos, tenta de novo com outra pessoa ou come uma barra de chocolate que passa (pelo menos temporariamente). Se for o terceiro caso, vai pra fila do Sine ou se contenta com a critica e tenta melhorar e puxar o saco do chefe. Se for o primeiro caso, usado como metáfora, tenta lembrar no proximo vestibular ou concurso que NUNCA deve se duvidar da primeira resposta marcada! NUNCA!

A genialidade da simplicidade

Seiscentos e Sessenta e Seis

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Mario Quintana

P.S: Esse poema se encaixa no assunto que deu origem à algumas postagens anteriores.Passaram semanas e eu continuo me indagando sobre isso. A única coisa boa é que, pela primeira vez na vida, estou agindo. Espero que não seja que nem dieta (pelo menos as minhas) que começam bem mas degringolam com o passar do tempo. É impressionante o poder que tem a rotina, as coisas parecem sempre voltar de onde começaram, em um ciclo vicioso.
Espero que a rotina e a comodidade não me prendam novamente e que eu possa continuar não olhando o relógio e seguindo em frente.
P.S.2: Não sou fã de poesia. Tentei várias vezes, mas não troco uma boa ficção por um poema. Entretanto, escritores como Quintana, Emily Dickinson e Tiago de Mello me encantam. Os poetas brasileiros por sua simplicidade, pela visão poética do cotidiano, a Emily Dickinson pela visão poética da desgraça e da tristeza (sim, isso mesmo, a mulher era bem deprê). Enfim, esse poeminha de hoje, na minha humilde visão, é magnifico.

E já passou...

Não dura quase nada... Se há dois dias eu estava feliz, ontem e hoje já se foi aquele sentimento. Isso não siginifica que estou vivendo o oposto - tristeza- mas tão somente que a realidade e a rotina retomaram seus espaços.
Ontem foi um daqueles dias em que tudo parece dar errado: perdi a van que faz o percurso entre os tribunais e foruns - estava lotada- e a outra iria demorar 45 minutos. Jura né! Fui pegar ônibus, passou 20 minutos e nada. Já irritada nessa altura do campeonato, peguei uma lotação (que custa R$ 3,10, diga-se de passagem). Cheguei à Justiça Federal, já puta, dei mil voltas e , finalmente, quando deu para parar um pouco fui ao banheiro. Então, consegui uma proeza: prendi o dedo na hora de dar a descarga! Isso mesmo, ficou preso, doeu para #$%#%¨&¨. Depois perdi o ônibus para ir para a faculdade, cheguei atrasada, tropecei em mim mesma...Ufa! Foi uma merda. E eu pensava isso, que o dia estava um horror, que até os mínimos detalhes davam errado.
Foi então, que para minha surpresa, tentei pela pela primeira vez, desviar o pensamento das merdinhas do dia, tentando estabelecer um pensamento positivo...Senti uma emoção, eu, pessimista mor, tentando por em prática os ensinamentos de "O Segredo" (isto foi um comentário irônico)! Foi um momento único, ironias a parte! Durou pouco, porque uns 20 minutos depois, já estava emburrada com outra situação, sobre a qual, aliás, provavelmente divagarei em breve.
Mas enfim, foi uma conquista! Dá esperança de que podemos superar pelo menos pequenos erros que cometemos diariamente, buscando, assim, uma estabilidade emocional que nos permita viver melhor.
Vamos ver se isto, também, não é uma felicidade momentânea.

Felicidade momentânea

As vezes eu me impressiono como pequenas coisas, quase insignificantes, são capazes de gerar uma felicidade gigantesca!
Ai ai...Hoje, pelo menos nesse momento, estou feliz! Criando as tais expectativas sobre as quais falei anteriormente e que são perigosas...Mas isso prova que as vezes, nós somos animais irracionais!
A questão é: foda-se! Hoje eu fiquei feliz.

Poema do dia

O "eu", por trás de nós oculto,
É muito mais assustador,
E um assassino escondido em nosso quarto,
Dentre os horrores, é o menor.

Emily Dickinson

Carpe Diem?

Ontem estava voltando de carona para casa com uma colega da faculdade, e ela disse algo interessante: que, apesar de ser um clichê, nós - seres humanos - só temos, de fato, o dia de hoje. A consequência dessa constatação pode ser reduzida ao famoso "carpe diem", e significa, em outras palavras, que devemos viver cada dia com a única certeza de que não sabemos o dia de amanhã.
Mas porque algo tão banal me impulsionou a escrever sobre isso? Bom, porque acho que essa constatação faz parte daquele rol de coisas óbvias na teoria e que raramente são postas em prática. Foi, aliás, isso que respondi a minha colega. Sim, é fácil admitir que amanhã poderemos ser atingidos por um carro, que podemos ter um aneurisma cerebral fulminante, que podemos ter uma dor de cabeça e descobrir um câncer, etc...Mas o problema de internalizar isso é que a consequência é que devemos fazer aquilo que queremos e desejamos, e isso implica em tomada de atitudes para as quais nem sempre estamos preparados. Vejamos: quantas coisas não deixamos de faze, embora queiramos, em razão de algo mal resolvido no passado, algum trauma, algum bloqueio? Quantas coisas não deixamos de fazer em razão de responsabilidades que são "dadas" social ou culturalmente? Eu fiquei pensando na dificuldade e na dor resultantes de se dar conta que a vida pode acabar daqui a pouco sem que tenhamos feito muito do que queriamos. Daí é mais fácil se enganar, acreditando, inconscientemente, que temos um futuro longo diante de nós, e que podemos nos dar ao luxo de fazer planos a longo e médio prazo.
Aliás, fazer planos a longo prazo é algo incentivado em termos econômicos ou até mesmo de planejamento familiar...Mas isso implica na crença de que o futuro é certo.Então como ficariam nossas vidas se só pensassemos no hoje?
Ai...sei lá. Pensar nisso é muito foda. Eu, por exemplo, trabalho com algo que não gosto por necessidade, não só por causa do dinheiro, mas porque a lógica diz que se fiz uma faculdade (privada, diga-se de passagem), investi cinco anos de estudo nisso, me formei, passei na OAB, etc, é esperado que utilize isso para meu sustento. Como simplesmente largar tudo? Dizer "bom gente, to indo embora!"...Isso seria um choque para todos...Até mesmo largar o emprego seria visto por alguns como insensatez. Então eu fico, sendo confrontada, de vez em quando, com a realidade de que se minha vida terminasse hoje eu não ia ficar feliz com o balanço entre conquistas e derrotas.
Viver para o presente, sem pensar no futuro? Ou planejar o futuro e abdicar um pouco do presente? Há como encontrar equilibrio entre ambos? Ou ao privilegiar um deles, abrimos mão, querendo ou não, do outro?
Muitas perguntas. Nenhuma resposta.