Expectativas

Ah, expectativas... Isso é definitivamente um praga.

Uma vez li uma crônica da Martha Medeiros (sim, eu gosto dela) em que ela dizia que idealizar alguém ou algo é a pior coisa que podemos fazer, pois a realidade mais cedo ou mais tarde irá se fazer presente. Verdade.

Hoje estou com meu lado pessimista aguçado...Não sei bem porque, mas sei que ao longo dessa minha vida, já me decepcionei muito com os outros. Claro que constantemente me decepciono comigo mesma, mas por alguma razão, quando acontece com outra pessoa é pior, pelo menos no meu ponto de vista.

Nada de mais aconteceu que fizesse com que eu tivesse vontade de escrever sobre isso, mas essa questão envolvendo relacionamentos, em qualquer nível (amizade, amoroso, familiar, profissional), é algo que sempre me faz pensar. Inevitavelmente as pessoas magoam as outras, mesmo sem querer, faz parte da natureza humana( se é que ela existe). Algumas pessoas lidam bem com essa constatação, outras não. Eu fico no segundo grupo pois tenho a tendência filha da puta de idealizar os outros, razão pela qual a tal crônica da Martha me marcou. As vezes as pessoas que tu acha que estariam ao teu lado nos momentos ruins não estão...as vezes nem nos bons. E a verdade é que cada um tem a sua vida e seus problemas e exigir presença e atenção constantes é um erro estúpido e egoista. Mas saber isso em um nível consciente e de fato aplica-lo na vida são coisas muito distantes...Daí minha constante decepção com os seres humanos em geral.

Não adianta, o fato é que não podemos esperar dos outros aquilo que gostariamos que fizessem, fazê-lo é pedir para quebrar a cara. Esperar certas atitudes e imaginar cenários e acontecimentos são atitudes bonitas em poemas e filmes, mas no dia a dia, é muito perigoso. Cada vez que imaginamos algo para acontecer em um futuro, distante ou não, estamos nos colocando em um posição arriscada, na qual a possibilidade da frustração é muito maior do que da realização, ainda mais quando essa imaginação não depende apenas de nós, individualmente. Se não conseguimos colocar em prática muito do que desejamos e que depende apenas de nossas próprias atitudes, imagine quando depende de outros fatores? Um clichê que não é realísta é aquele que diz "Querer é poder". Quase sempre querer não é poder, se o querer depende de terceiros.

Pois bem, não sei...Só sei que amanhã é segunda feira, tenho que trabalhar (infelizmente), terei que fazer uma peça processual chamadas embargos de divergência, que eu nem sei bem o que é mas quu deve estar pronta até terça, e que no momento, mataria a primeira pessoa que passasse pela minha frente e me desse o mínimo motivo para tal.

Boa semana para todos! (ironia não se expressa em palavras, que merda).

Politica

O Analfabeto Político

Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, do aluguel,
do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta,
o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Ir embora

Motivada pela última postagem, fiquei pensando sobre a vontade de ir embora e como de fato algumas pessoas o fazem. Nos últimos meses de 2007, uma pessoa próxima ficou em um dilema que consistia em permanecer em Porto Alegre, com sua vida, família, amigos, faculdade e planos ou ir embora, ficar com a pessoa que descobriu amar. Ele pegou as malinhas e se fué! Nem preciso dizer que essa atitude, aos olhos de todos que estavam acompanhando a saga, foi um loucura, para dizer o mínimo.
Porém, fiquei pensando no que escrevi, que desde que voltei de Buenos Aires tenho vontade de pegar tudo e ir embora e como isso pode ser um reflexo da insatisfação com minha vida. Pois bem, fiz o link e pensei que esse amigo talvez sentisse o mesmo, uma insatisfação tremenda com os rumos que seguia aqui em POA. E se for esse o caso, talvez as críticas feitas à decisão dele sejam precipitadas.
Existem pessoas que gostam de uma rotina, de viver sua vida, com seus amigos, trabalhando, tendo sua casinha, suas coisas, etc. Outros gostam mesmo é de mudança, são avessos à rotina, à ordinariedade da vida. E tem, óbviamente, os que ficam entre os dois. E eu me enxergo assim porque embora goste de ter meu canto com minhas coisas (livros, dvds, fotos, roupas, quadros) e de valorizar muito minha familia e amigos, no íntimo eu sei que se ficar a vida inteira em uma mesma cidade, fazendo a mesma coisa vou enlouquecer. O "problema" é que meu lado racional tende a ser mais forte do que o emocional, e as consequências dessa racionalidade resultam em arrependimentos terriveis, que me perseguem. O clichê que diz que é melhor se arrepender do que tu fez do que não ter feito é a mais pura verdade; eu posso dizer, sem sombra de dúvidas, que não tenho arrependimentos a não ser de não ter feito muiiiiita coisa por falta de coragem ou por medos e traumas que me bloqueiam. Meu maior medo é que os anos passem e eu me encontre aqui, nessa cidade grande mas provinciana, fazendo o mesmo trabalho, vivendo a mesma vidinha de sempre, sonhando em conhecer o mundo. As vezes penso que eu tinha que mandar a puta que pariu as idéias corretas que dizem para ficar aqui, tentando fazer valer o esforço (entenda-se, valor financeiro e profissional) que tive para me formar e cuidando da minha mãe, em uma inversão de papéis familiares decorrentes do AVC dela que me esgota até o último fio de cabelo.
Haverão aqueles que dirão que essas idéias são pensamentos adolescentes, juvenis e imaturos...Talvez... só posso dizer com certeza que sinto isso desde cedo... embora seja a primeira vez que exteriorize esses sentimentos, eles sempre estiveram presentes. Só sei que não me importo em ter 25 anos e continuar com sonhos "adequados"à pessoas de 15, desde que eu possa usar a maturidade e as coisas que a vida me ensinou na porrada para concretiza-los.
Portanto, que ninguém se surpreenda se em um futuro próximo eu surtar e largar tudo.

Poupar para Viajar!

Viajar é tudo de bom.
Há exatamente um mês, estava eu passeando pelas ruas da capital européia da América Latina: Buenos Aires...E como foi bom!!!
O simples ato de caminhar, pegar um ônibus, entrar em um supermercado, tudo fica diferente, mais divertido, pelo simples fato de tu seres um estrangeiro naquele lugar (estrangeiro no sentido de "não dali"). A minha vida durante aquela semana foi oposta à minha rotina: acordar cedo não era um fardo, dormir tarde por causa do barulho era ótimo, caminhar horrores e ficar com os pés e tornozelos virados num "que que é isso" era mero efeito colateral...Tudo tinha um gostinho melhor.
Não sei explicar as razões para essa mudança de perspectiva radical que acontece em viagens. Certamente há alguma explicação antropológica para esse tipo de coisa, mas eu não sei e nem quero saber...Só sei que enquanto existem pessoas que querem trabalhar para comprar coisas (tvs LCD, carros superpotentes, roupas de marca, móveis luxuosos, etc) eu só tenho um objetivo (além de pagar as contas do mês, é claro) : poupar para viajar. Isso sim é qualidade de vida para mim!
Estou escrevendo isso porque desde ontem estou muito nostálgica e saudosista...queria não ter voltado de lá, não só pela cidade, mas pela experiência de ficar em albergue e pelas pessoas que conheci nele. Mais do que isso, tenho absoluta certeza de que essa vontade de voltar (e a vontade de não ir embora enquanto estava lá) tem uma explicação mais racional e incômoda: talvez eu simplesmente não goste da minha vida aqui. Simples não? Veja bem, o desejo de estar em outro lugar demonstra que o lugar em que estamos não nos satisfaz...Pois bem, e aí? O que eu faço com essa constatação?
Para ser honesta, queria pegar minhas malas e me mandar...Mas meu lado "pé no chão" não deixaria isso acontecer...não gastei uma nota fazendo faculdade, me formando pra largar tudo...Tenho minha mãe, minha vida...Então fico aqui.
Maaaaaaaaaaaaaasss....viajar eu posso! E por isso volto à idéia original do texto: poupar para viajar! Porque se não dá para fugir permanentemente, que dure pelo menos uma semana e me deixe boas lembranças como Buenos Aires deixou.