Com essa história de crise mundial, bolsas caindo, dólar subindo, banqueiros e empresários desesperados atrás de ajuda estatal (nem vou escrever sobre o assunto, até porque muito já foi escrito e dito e eu não vou acrescentar nada de útil), percebo como as mini-crises das nossas vidas se tornam pequenas. Eu, por exemplo, passo por uma crise no meu emprego, a recessão tomou conta e o real foi dar uma volta pra bem longe do meu bolso e da minha conta corrente, que já antes do dia 10, está no negativo. Mas eu não estou aqui para chorar nem pra reclamar. Em realidade, essa crise resultou em um aproveitamento maior do mundo virtual inútil (entenda-se orkut, msn, sites recreativos, blogs, etc) e tenho lido muita coisa nessa internet louca. Mais do que isso, me sobra tempo para vir aqui e escrever bobagem.
Pronto! Comecei a postagem! Por que digo isso? Porque começar a escrever é uma tremenda dificuldade para mim. Nas provas, quem me olha deve achar que sou louca ou que nao estudei nada, porque fico uma meia hora - no minimo - pensando, olhando pro nada. Tudo em busca da inspiração. A introdução de um texto, no meu entendimento, é essencial para o seu desenrolar, por isso perco tanto tempo começando a escrever. Mas depois que pega no tranco, vai relativamente tranquilo.
Mas essa analogia para por aí. Porque foi o único exemplo de dificuldade com "inícios" que me veio a mente. Gente, quase tudo que começa é bom em seu início, ja pensaram nisso? Começo de amizade, começo de namoro, começo no trabalho, começo de aula, começo de faculdade....Esses momentos, em regra, são maravilhosos, cercados de animação, curiosidade, excitação, onde tudo é legal, todas as pessoas sáo "mara" e tudo parece ser perfeito. Realmente, quando eu era mais jovem (já cheguei na idade saudosista de "no meu tempo...") eu adorava Ano Novo, adorava início do ano letivo, porque tudo parecia reiniciar do zero, chance de mudar tudo que não estava como deveria. Passados os anos, a gente vai vendo que esses inícios são enganadores, que eles no fim das contas não mudam muita coisa, e que, com o inevitável passar do tempo, tudo volta pro seu lugar. Como diz Bono "Nothing changes on New Years Day", as coisas não mudam de um dia pro outro.
Sei que isso pode ser meio pessimista...mas fazer o quê? É inegável! Amigo novo tá preparado pra tudo, é só chamar pra uma ceva, um xis, uma janta, uma noite pra dançar que estará lá, conselhos maravilhosos, juras de amizade eterna...Aí a vida passa, com ela vem as dificuldades, e daqui a pouco sobrou meia duzia que te aguentou passando por barras que mudaram teu jeito de ser e de encarar a vida. Mais do que isso, o que eventualmente ocorre são relacionamentos supervenientes (namoros, casamentos, trabalhos) que acabam por diminuir e, por vezes, praticamente acabar com uma amizade. Na real, sabemos que amizade de verdade (piegas isso) não acaba com casamento, com distância, com porra nenhuma, mas modifica a relação, como qualquer outra, as vezes pra melhor, as vezes pra pior.
Início de namoro entao? Paixão! A pessoa é um sonho, tem os mesmos gostos que tu, tudo é lindo, cada descoberta de interesses comuns, livros que gostam, filmes, passeios, o sexo é maravilhosos... Passam os meses, os anos, e as coisas mudam. Daqui a pouco um descobre que o outro deixa a toalha molhada em cima da cama, que um gosta de dormir com a tv ligada e isso irrita o outro, que um gosta de mortadela e o outro tem ânsia só de ver mortadela e essas coisas idiotas (somada às coisas sérias, como divergência de objetivos na vida, de prioridades e várias outras coisas que dariam uma outra postagem) mudam aquela imagem inicial. Não que mudança seja ruim, as vezes ela modifica pra algo tão bom quanto o que havia no princípio, como um relacionamento estável com confiança, parceria (e claro, de preferência com aquela pitada de fogo, que, convenhamos, é necessário, senão acaba na amizade). Mas muda, e não vai voltar a ser o que era. É como aquela história de que não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes.
Trabalho? Ha! No início a gente quer mostrar serviço, fica mais tarde, chega mais cedo, faz tudinho...Depois! Entra no horário, sai no horário, nem um minuto a mais! E ta certo, mas enfim, é apenas mais um exemplo de modificações.
Ah sei la. Isso tudo não passa de obviedades, que qualquer pessoa com mais de 15 anos aprende na marra. Só sei que penso muito nesse assunto, talvez porque mudanças, ao longo desses meus 25 anos de vida, em regra, têm significado mundança pra pior. Dai fica a merda da nostalgia, essa porcaria que distorce nosso passado, transformando-o em algo melhor do que realmente foi.
Mas eu sou capaz, ao contrário do que muitos podem pensar, de enxergar o lado bom da coisa. Sei que quando estamos em um processo que se inicia, temos que aproveitar aquele momento. Também sei que algo não se torna menos precioso simplesmente em razão da consciência de que nada dura nessa vida. E é nesse tipo de argumentação que o meu lado otimista tenta se agarrar, pra não cair eventualmente num lado "nietzcshe" de encarar a vida.
Por que tudo isso? Porque nesse exato momento, meu desejo profundo é de iniciar coisas: iniciar em um novo emprego, iniciar novos estudos, e iniciar novos relacionamentos...Se eu conseguir pelo menos unzinho desses, já ficarei feliz. Mas dois deles seriam tão bons que talvez eu vire uma Poliana ou uma Velhinha de Taubaté e saia cantando pelas ruas de Porto Alegre num estilo " A noviça rebelde"!
4 comentários:
Eu acho que o que mata é a rotina. Sabe aquela coisa de ver a mesma coisa todos os dias com as mesmas pessoas? Por isso acredito que o ideal é fazer coisas diferentes, andar por lugares... iniciar natação, corrida, musculação, ler, caminhar, ouvir novas músicas.. e se não gostar? Mudar! Afinal, a vida é a arte de aprender sempre e o que a torna mais que interessante é a possibilidade de novas experiências...
Faz tempo que não te vejo, querida, mas acho que estás com sindrome de final de ano...
bjks
Bah Debora, pior que deve ser...Nem tinha pensando nisso, o fim de ano chegando, meu aniversario, que vai ser um marco pois vou ficar mais próxima dos 30 do que dos 20...Deve ter influenciado mesmo! Pois é, a gente só se vê na quarta, mas a aula do padros é no prédio novo e do anderson no antigo! Vamos ver se a gente lembra de pelo menos tomar um café no intervalo! Bjocas pra ti!
Ai, Paty...
Pra mim o mais difícil não é iniciar. Lá pelas tantas eu não sei mais desenrolar as coisas e quando vi já fuji do assunto. A vida vai mudando e de repente nada se inicia, as coisas se atropelam e simplesmente acontecem. No meu caso os desfechos não existem. Tudo que eu começo fica começando eternamente e vira um bolo de inícios que choram por um fim!
Postar um comentário